XII Legiao

terça-feira, maio 16, 2006

Estórias que a vida conta - I

Matéria no Diário do Grande ABC on-line, em 16/05 ...

Pastor anuncia fim do mundo em Mauá

“Temei todos, pois é chegada a hora do juízo final.” O tom ameaçador das palavras de um pastor evangélico que pregava na praça 22 de Novembro, no Centro de Mauá, completava o cenário de medo instaurado após o fechamento do comércio. Uma platéia se formou em torno do religioso para ouvi-lo pregar. Pelo menos 25 pessoas, a maior parte com olhar assustado, ouviam atentamente às palavras sobre pecado, perdão, ressurreição e da necessidade em aceitar Jesus Cristo como o messias. A cena ocorria enquanto as pessoas caminhavam assustadas em direção ao terminal de ônibus e à estação Mauá da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

O Centro de Mauá parecia, para quem observava de longe, cenário de um filme apocalíptico. Enquanto o pastor falava, o barulho provocado pelas patas dos cavalos da Cavalaria da PM era perfeito como sonoplastia para a narração da chegada dos quatro cavaleiros do Apocalipse, anunciada pelo pastor com base em textos bíblicos.

Ele dizia que as trombetas dos cavaleiros estavam prestes a soar, e que todo o terror provocado pelo crime organizado no Estado era um sinal divino. A cena de “fim dos tempos” era completada pela ventania que parecia o prenúncio de chuva.

Segundo a Bíblia, uma série de eventos trágicos anunciaria uma grande guerra e sinalizaria o início do período de tribulação, que culminaria no fim do mundo. Após sete anos a partir do início desses eventos, Jesus Cristo retornaria à Terra – o que é chamado de glorioso aparecimento – para arrebatar sua igreja. Neste caso, ainda segundo a interpretação dos evangélicos, as pessoas recém-convertidas seriam salvas e iriam para o céu desfrutar da glória do Senhor. Com o clima de guerra que tomou as ruas segunda-feira, o pastor encontrou ambiente propício para arrebanhar fiéis.