XII Legiao

quinta-feira, abril 20, 2006

MANIFESTO EXPEDITINO

Qual a razão de existir de um grupo de amigos como o XII Legião que agora se constitui?

Respondemos por nós mesmos.

Visamos somar. Somar talentos, aptidões, paixões, perfis. Perfis dos mais diferentes. Coisa que não se encontra por aí: diferentes idades, diferentes procedências, diferentes credos, diferentes histórias. Diferença, diversidade. Eis a palavra:diversidade. Diversidade que somada cria um caos único. Tal qual as estrelas que esfumaçam o céu de lua-nova das paisagens noturnas mais retiradas. Eis o total que surge de nossa soma: o caos, o caos único.

Também visamos dividir. Dividir frustrações, devaneios, angústias, realizações. Realizações que não foram poucas para pouco mais de 3 anos. E aqui cabem citações a pessoas que mesmo sem querer possibilitaram momentos que para nós serão inesquecíveis. Ou alguém esquecerá de David e sua Saga. Saga que aliás marcou o início de nossa própria saga. E pensar que tudo isso poderia ter sido diferente caso Lurdinha não nos tivesse apoiado e incentivado como o fez. Como esquecer suas palavras:”Isto é estória pra ganhar prêmio”, ou, “Depois que comecei a ler não consegui parar. Queria chegar logo ao final, descobrir o que aconteceu ... em alguns momentos me lembrou Guimarães Rosa”. Será que não tivesse sido assim, estaríamos aqui reunidos? Eis o nosso M.D.C.: a nossa história, a nossa saga coletiva.

Somar e dividir. O caos de uma saga coletiva única que hoje se materializa na XII Legião.
Mas isso seria tudo? Não.

Formamos a XII Legião pois foi este o modo de protegermo-nos da ameaça que começa a aproximar-se de nós: o final. O final de nossa caótica saga dentro da ECA. Final que se aproxima impiedoso tal qual o ponteiro do relógio que avança segundo a segundo sobre os minutos e estes sobre as horas, após cada aula, após cada discussão, após cada “até amanhã”.

Em verdade, mais que o final tememos o distanciamento entre nós que ele pode ocasionar. Afinal, a vida de cada um de nós prosseguirá seu curso. Novos amigos virão, velhos amigos irão, novas histórias serão escritas, velhas histórias serão contadas, novas sagas serão vividas, velhas sagas serão relembradas. Infelizmente, todas as distâncias tendem a alargar-se. A distância física, talvez. A distância que transcende nossa vontade, muito provavelmente. A distância que emana de nós, com certeza. Esta é a inexorável dinâmica da vida e eis os seus benditos frutos: a mudança, a metamorfose da evolução. Evolução que caminha de contradição em contradição. Podemos protestar contra ela, mas o dom da onipotência não nos cabe.

É por isso que a partir de hoje estabelecemos um novo norte em nossas vidas. Um ponto de referência para que não nos esqueçamos uns dos outros e da saga que até aqui temos juntos escrito.
Se em algum momento nos distanciarmos devido ao mover constante da existência, a partir de agora teremos mais uma brilhante estrela na constelação de nossas vidas para a qual miraremos e lembraremos daqueles bancos mal cuidados em mal cuidados jardins que alguns ousavam chamar prainha. Veremos então, espalhados sobre eles, uma jovem prodígio multiplicando erres e espalhando sensatez; uma semi-oriental lembrando os demais sobre prazos e datas; uma Van desferindo sutilezas contra algo ou contra alguém; outra Van resmungando atualidades; uma outra Wan relatando suas aventuras e peripécias; entre elas um jovem mancebo de Limeira boquiaberto com tanta impureza; um cabeludo relembrando antigas campanhas eleitorais; uma jovem que se aproxima e se espanta com tamanho caos; e por fim um ancião moribundo que revigora-se com o caldo que daí brota enquanto contempla o infinito.

O que os uniu? Bem, poderíamos ficar nas obviedades: interesses e desejos compartilhados.
Mas aqui não há espaço para estas obviedades. Não.
O óbvio pressupõe o lógico. E se há algo que esta união não é, é lógica.

Somos pois, frutos de um cochilo da deusa Lógica, de um capricho do deus Tempo, da embriaguez da deusa Razão e de uma obra-de-arte do deus Acaso.

Eis o que somos e eis o nosso novo norte. Eis a XII Legião.