XII Legiao

sábado, maio 27, 2006



Seminário de Economia (27/5): Pode não parecer, mas a tarde foi produtiva... Você acredita numa sociedade guiada somente por pulsões sexuais?? rs...

quarta-feira, maio 24, 2006

tchãran!!! E... SIM! Beba com moderação ou vá para a Casa do Barão, né Fábio?!!! (e aí Cadu, gostou??)

quinta-feira, maio 18, 2006

CAMPANHA ANTI-ÁLCOOL

Beba com moderação ou vá pra Casa do Barão

quarta-feira, maio 17, 2006



Pânico no galinheiro
DEMÉTRIO MAGNOLI

COLUNISTA DA FOLHA

O PCC deflagrou ontem a guerra da informação. Existiram, aqui e ali, disparos reais, mas sobretudo os bandidos dispararam aleatoriamente chamadas telefônicas ameaçadoras. BUUU! A cidade de São Paulo reagiu como um imenso galinheiro. Rumores correram soltos, desatando reações em cadeia. Sob o influxo do boato, comerciantes baixaram portas de aço, pais assustados correram às escolas para resgatar as crianças e empresas suspenderam o serviço. De um bairro a outro, a cidade apagou-se ao longo da tarde.
Sarajevo, a capital da Bósnia-Herzegóvina, não renunciou à vida, nem sob sítio e debaixo das rajadas de franco-atiradores. Os mercados de Bagdá funcionaram em meio aos estrondos das bombas e mísseis dos ataques norte-americanos. Londres não parou durante os bombardeios aéreos alemães, na Segunda Guerra Mundial. Mas São Paulo curvou-se à delinqüência comum. Vergonha!
A culpa é dos governantes? Sempre, em primeiro lugar, a culpa é deles. Atônitas, cercadas por numerosas assessorias inúteis, as autoridades estaduais e federais entregaram-se desde domingo ao jogo eleitoral, elaborando declarações maliciosas sobre seus adversários. Mas esses especialistas na baixa política não foram capazes de identificar o sentido da operação do PCC e, na prática, renunciaram a governar.
Na hora da primeira série de ataques coordenados, o governo do Estado de São Paulo tinha a obrigação de centralizar as forças policiais em um comando único de emergência. Em vez disso, talvez inspirado nas ações dos comandantes do Exército que, no Rio de Janeiro, firmaram um acordo fétido com o Comando Vermelho, ele preferiu iniciar negociações sigilosas com os chefes da delinqüência.
De nada servem um governador e um secretário da Segurança impotentes diante de uma guerra de rumores. Ontem, enquanto os cidadãos se acovardavam, os boletins de notícias desempenhavam involuntariamente o papel destinado a eles no planejamento dos bandidos. Mas não passou pela cabeça vazia das autoridades o recurso elementar de, usando a legislação disponível, colocar a TV e o rádio em rede oficial, por todo o tempo necessário, a fim de desfazer a boataria, chamar as pessoas à razão e impedir o cancelamento da vida normal.
A culpa é só dos governantes? Não, mil vezes não! São Paulo conheceu ontem os efeitos psicológicos da indústria do medo. A classe média que não deixa os seus filhos circularem de ônibus e metrô, que se cerca de câmeras e alarmes, que passeia apenas em shopping centers e aspira comprar um automóvel blindado correu na direção de seus bunkers domésticos murmurando tolices sobre a pena de morte. No começo da noite, um manto de silêncio desceu sobre a cidade. Vergonha!

terça-feira, maio 16, 2006

Estórias que a vida conta - II

Crônica de uma segunda-feira atipicamente tranquila

Tarde de segunda-feira.
Estávamos, Sueme e eu, nos degladiando contra uma maldita pesquisa institucional. Pela internet, São Paulo estava em guerra civil: bombas, estações e universidades metralhadas, toque de recolher, o metrô iria parar, também os ônibus, enfim, o caos ...
Ficamos assustados. Pensei em logo ir embora.
Entretanto, a tv ligada na sala não confirmava nenhum daqueles acontecimentos. Na verdade, ela apenas parecia retratar as consequências daquelas informações. Dava conta das pessoas aflitas, sem celular, correndo para casa. Congestionamento recorde as cinco da tarde. O comércio fechando. Escolas e universidades cancelando as aulas. Repartições públicas suspendendo as atividades.
O Cadu liga. Também fora dispensado do trabalho e estava vindo ao nosso encontro.
Quando ele chega, relata sobre a esquizofrenia dos colegas de escritório e sobre as pessoas que assustadas abarrotavam as estações de metrô.
Alguns comentários sobre a situação, mas tínhamos um trabalho a fazer
Continuamos nossa luta particular contra a pesquisa institucional.
Jantamos.
Por fim, lá pelas oito da noite, fomos embora.
Pensávamos em bebericar algo na rua. Impossível. Todo, absolutamente todo comércio com as portas fechadas. Alguns transeuntes. Poucos carros. Ônibus às moscas. A Paulista como eu nunca vi: morta? não ... em estado de coma. Lamentávamos não ter uma câmera em mãos.
Entramos na estação Brigadeiro. Oito e pouco da noite. Vazia. Nossa conversa fazia eco na plataforma, enquanto esperávamos o metrô. Metrô que chegou com alguns poucos passageiros.
A estação Sé vazia! Às oito e meia da noite! Nunca pensei que um dia veria isso ...
O Cadu seguiu seu rumo. Segui para Luz.
Na Luz, o trem vazio parecia aguardar por mim. Até os camelôs desapareceram: inacreditável! Em alguns instantes pensei estar tomando parte em uma quimera ...
Cheguei a Mauá. Nove e vinte da noite. Confesso que nesse momento fiquei assustado. Havia chegado a uma cidade fantasma. Não havia ônibus, fui a pé para casa. Nenhuma viva alma na rua. Até os cachorros ,que costumam me fazer compania nestes momentos, pareciam com medo: seus latidos eu os ouvia ao longe.
Já na rua de casa, levantei a cabeça e mirei o frio e carrancudo céu sobre mim. Num pequeno suspiro das nuvens a lua espremia sua gorducha face, como que querendo dar uma espiada nestas bandas. Lá em cima tudo parecia estar em paz. Cá embaixo, baseado no que de fato vi e vivi, não pude fazer comentário diferente: tudo estava tranquilo, até demais.
Estórias que a vida conta - I

Matéria no Diário do Grande ABC on-line, em 16/05 ...

Pastor anuncia fim do mundo em Mauá

“Temei todos, pois é chegada a hora do juízo final.” O tom ameaçador das palavras de um pastor evangélico que pregava na praça 22 de Novembro, no Centro de Mauá, completava o cenário de medo instaurado após o fechamento do comércio. Uma platéia se formou em torno do religioso para ouvi-lo pregar. Pelo menos 25 pessoas, a maior parte com olhar assustado, ouviam atentamente às palavras sobre pecado, perdão, ressurreição e da necessidade em aceitar Jesus Cristo como o messias. A cena ocorria enquanto as pessoas caminhavam assustadas em direção ao terminal de ônibus e à estação Mauá da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

O Centro de Mauá parecia, para quem observava de longe, cenário de um filme apocalíptico. Enquanto o pastor falava, o barulho provocado pelas patas dos cavalos da Cavalaria da PM era perfeito como sonoplastia para a narração da chegada dos quatro cavaleiros do Apocalipse, anunciada pelo pastor com base em textos bíblicos.

Ele dizia que as trombetas dos cavaleiros estavam prestes a soar, e que todo o terror provocado pelo crime organizado no Estado era um sinal divino. A cena de “fim dos tempos” era completada pela ventania que parecia o prenúncio de chuva.

Segundo a Bíblia, uma série de eventos trágicos anunciaria uma grande guerra e sinalizaria o início do período de tribulação, que culminaria no fim do mundo. Após sete anos a partir do início desses eventos, Jesus Cristo retornaria à Terra – o que é chamado de glorioso aparecimento – para arrebatar sua igreja. Neste caso, ainda segundo a interpretação dos evangélicos, as pessoas recém-convertidas seriam salvas e iriam para o céu desfrutar da glória do Senhor. Com o clima de guerra que tomou as ruas segunda-feira, o pastor encontrou ambiente propício para arrebanhar fiéis.